ABSTRACT
Leucoplasia é o termo clínico correspondente à mancha ou placa branca na mucosa bucal que não pode ser caracterizada como nenhuma outra doença. Histologicamente, apresenta desde hiperqueratose, acantose ou atipia epitelial, até um carcinoma in situ ou superficialmente invasivo. Devido ao potencial de transformação maligna, propusemo-nos a identificar os casos do Laboratório de Patologia Bucal da FOP-UPE que pudessem apresentar maior risco de malignização, por meio da avaliação do grau de atipia dos casos diagnosticados clinicamente como leucoplasia, e relacioná-los com a localização anatômica. Dois examinadores avaliaram as alterações epiteliais em microscopia de luz, analisando os critérios histológicos de atipia epitelial definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), graduando-as histologicamente segundo Bánóczy e Csiba. Nossos resultados demonstraram que a atipia epitelial intensa foi mais freqüente, estando presente em 49 (70,0%) casos, sendo a localização mais acometida a mucosa jugal (24,3%), seguida do palato (18,6%). A localização anatômica acometida com grau de atipia mais severo foi língua, com três dos seis casos avaliados de carcinoma superficialmente invasivo. Os critérios histológicos de atipia mais freqüentes foram: alteração da relação núcleo citoplasma (83,1%); hipercromatismo nuclear (81,7%); estratificação irregular (77,5%). O nível de concordância entre examinadores foi de 95,7% (67/70), considerando ótimo segundo teste de Kappa (0,912). Ainda há muito que pesquisar para determinar o potencial de transformação maligna das leucloplasias bucais. A gradação de atipia epitelial não seria suficiente para determinar a natureza pré-maligna de uma leucoplasia; para isso, deve-se levar em consideração os aspectos clínico-histopatológicos.